O LADRÃO CHEGOU...
Elcio Alberton
Professor na rede
Estadual de
Educação e padre
Católico
Este texto foi publicado no Diário Catarinense do
dia 01 de dezembro de 2016 na página 33.
A palavra ‘ladrão’ da
gíria esportiva parece ser a mais adequada para expressar o sentimento que o
futebol brasileiro está vivendo desde a madrugada deste fatídico 29 de novembro
que ficará para a história. No caso em referência o ‘ladrão’ chegou para
derrotar o sonho inédito dos amantes do futebol catarinense. A roubada de bola
resultou num placar inédito contra o futebol brasileiro. Quanto a isso todos
estamos de acordo e circula de modo abundante nas redes sociais e nos grandes e
pequenos meios de comunicação por todas as partes do mundo.
Preferimos falar a
partir de uma certeza: A pessoa humana é o resultado daquilo que aprende no
decorrer da sua existência. O futebol brasileiro já experimentou diversas
outras situações que caíram como um ‘tarimbaço’ no coração de todos e ficaram
para a história como lições e aprendizado.
Pois são lições para a
vida que cada amante do futebol, mas indistintamente cada pessoa pode tirar do
desastre aéreo que vitimou 76 pessoas entre elas a delegação da Chapecoense que
disputaria um título inédito.
Os vídeos que agora
circulam nas redes sociais, as últimas declarações dos jogadores e dirigentes,
mensagens e declarações supostamente atribuídas a este ou aquele personagem
arrancam lágrimas e sentimento de solidariedade por toda parte.
Uma das expressões que
circulou na tarde do dia 29 fez referência à carreira meteórica da Equipe
Catarinense dando conta que em apenas 7 anos a Chapecoense subiu da série D
para a disputa da Sul Americana, e concluía: “Não se cansaram de subir e
chegaram ao céu”.
Na perspectiva da
Esperança, permitam-me recordar a história de pouco mais de dois mil anos,
quando um grupo de Judeus depositou toda a sua confiança no Homem de Nazaré que
acabou vítima de um “beque de fazenda” e seus conterrâneos foram obrigados a
dizer: “Nós esperávamos que fosse ele quem iria restaurar Israel, mas já faz
três dias que tudo isso aconteceu” (Lucas 24,21).
Em relação ao fato em
questão, faço questão de afirmar não só por minha convicção cristã: "Se o
grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz
muito fruto." - (Jo 12,24). O futebol catarinense, os brasileiros a
sociedade como um todo, saberá muito bem erguer a cabeça e à sombra daqueles
que agora enchem nossos olhos de lágrimas e nosso coração de saudade repetir:
“Nós vamos vencer”.
Cabeça erguida, pés na
estrada, resiliência no coração e
aprendizado de solidariedade nos farão todos mais fortes para as muitas
outras disputas que a vida ainda nos reserva.