O GALO E A RAPOSA
A antiga fábula campesina do galo e da raposa se presta para
falar do advento das TDIC na educação.
Gestores da educação, das unidades educacionais, professores e
educadores, quando se vêm diante de uma ninhada de pintainhos[1]
até manifestam sua alegria e vontade de abraça-los, mas quando percebem que
para isso será necessário fazer as pazes com uma matilha[2]
de novas práticas se apavoram e empreendem fuga em disparada.
O plano de ação pedagógica com ouso das TDIC para intervenção
na escola EEB Prof.ª. Adelina Régis em Videira fez experimentar a sensação de
medo em relação ao que é novo e que se pode parafrasear com muitas histórias de
gestão.
Na EEB Prof.ª. Adelina Régis, o plano apresentado em que
professores e alunos iriam socializar saberes mediante o uso do blog da escola trocando
conhecimentos relativos à nova Proposta Curricular de Santa Catarina, o projeto
nem chegou a ter início embora a direção da escola tivesse concordado com ele
quando o apresentamos para aprovação. O projeto Merenda Escolar – Mitos e
Verdades foi sacrificado e esquartejado para depois ser aplicado em dimensões
minúsculas em relação ao tamanho do problema que pretendia investigar e
socializar.
Esta realidade não parece ser exclusiva desta unidade escolar,
nem tampouco da região de Videira. Em
2015, a Secretaria de Estado da Educação, anunciou: “O ano letivo de 2015
começará com novidades para professores, alunos e pais. A Secretaria de Estado
da Educação lançou duas plataformas virtuais para acesso a informações, uma
para os professores e outra aos estudantes e pais”. Porém, a grande maioria dos
professores não foi devidamente preparada para este processo, as escolas não
dispõe de estrutura nem física nem virtual para a implantação do sistema. O
Sindicato dos Trabalhadores em Educação fez severas críticas ao projeto. E na
prática os professores estão sendo forçados, em boa parte das escolas, e também
na EEB Prof.ª Adelina Régis, fazer um diário físico em sala de aula e usar o
tempo das horas atividade para transcrever virtualmente os dados no sistema
eletrônico.
Tal situação se deve a dois fatores elementares, os gestores
das unidades não desenvolveram nas escolas condições para qualquer ação das
TDIC nos espaços por eles geridos. Os
professores que não estão familiarizados com as TDIC não estão preparados para
esta ou outras ações ainda simples de práticas digitais na sua ação pedagógica.
Especificamente, em relação ao plano apresentado pelos
cursistas na escola, o segundo, - Mitos e verdades da alimentação escolar – que
chegou ao conhecimento dos alunos teve ampla aceitação e aponta para resultados
bem promissores em relação aos objetivos esperados.
O plano, enquanto tal, na sua segunda versão precisou ser
corrigido, adaptando-o às orientações da tutora do curso que foram
disponibilizadas no dia 03 de março. O
uso da Rede Mundial de Computadores acessada pelos alunos fora do ambiente
escolar se mostrou um recurso adequado e mais bem aceito do que o sistema disponível
na escola. Equipamentos físicos também foram os de uso pessoal e das
residências da clientela.
As etapas e objetivos não foram compreendidas integralmente
na elaboração do plano, tanto que a conclusão do mesmo vai além dos prazos
previstos para o término do PLAC2. De
qualquer modo será possível acompanhar e socializar algum trabalho dentro dos
prazos do curso mediante trabalho dos alunos e de alguns professores da unidade
escolar.
A novidade que o plano apresentado traz para o processo de
aprendizagem aparece na utilização das TDIC na educação, pois estes recursos
não são novos no cotidiano dos adolescentes, porém, não como prática
pedagógica.
Um dos limites do plano foi sua elaboração em período
distinto ao que os alunos estão na unidade escolar e a falta de clareza em
relação aos prazos e mesmo ao conteúdo teórico do curso, cuja orientação não foi
entendida com clareza, pelos cursistas, nos primeiros momentos em que a
atividade foi apresentada no portal PROINFO.
Continuar se desafiando e suscitando nos gestores e
professores a familiarização em relação às TDIC parece ser um aprendizado
necessário a partir dessa experiência. A otimização dos recursos tecnológicos
disponíveis na escola com a compreensão do significado que as TDIC tem para a
mediação da aprendizagem são questões conflitivas ainda não resolvidas.
Diante de uma tão simples, e ao mesmo tempo profunda mudança
na compreensão do papel da escola no uso das TDIC é possível se perceber pouco
preparada para o mundo digital, consequentemente preocupada e sem condições de
controlar o aprendizado e pouco apta para aperfeiçoar a ação pedagógica.
A canção Eduardo e Mônica se presta para compreender que
entre as TDIC[3] e a prática pedagógica dos
docentes[4]
se estabelece um diálogo que exige habilidade de negociação para que possa ser
compreendido. Entretanto, todas as
pequenas iniciativas neste sentido poderão ser “um vestido azul” que será
adquirido quando “o professor Felipe” deixar de ter pena da Talita e modificar
alguns dos seus hábitos para que estes se tornem impulsionadores da mudança que
a “Talita”[5]
precisa.
Feitas estas observações parece ficar clara a paráfrase que
se faz entre a necessidade de fazer as pazes entre a escola e as TDIC com a fábula do Galo e da
Raposa.
[1]
Inúmeros e ovos recursos digitais
[2]
Figurativo de recursos decorrentes do uso das TDIC.
[3]
Mônica
[4]
Eduardos
[5]
Escola
AMPLIANDO NOSSOS REPERTÓRIOS DE APRENDIZAGEM
PLAC 2 – SEGUNDO MOMENTO – COMENTANDO EXPERIÊNCIA INSPIRADORA
“Jamais
hesite em sair de um negócio se algo mais atraente aparecer à sua frente”.
As TDICs são para a educação como
um negócio de ocasião, o “você faz, ou você faz”. Romper o claustro das
certezas e daquilo que já parece ser consagrado é um risco que a escola precisa
correr. Escolhemos como experiência inspiradora o trabalho da Escola Joaquim
Amarante a nosso ver ele se enquadra exatamente num conceito que viemos
defendendo a bastante tempo: Não se trata de disponibilizar muitos e novos
recursos, mas de usar com criatividade os recursos disponíveis. No caso do
trabalho produzido pelo grupo da Escola Joaquim Amarante o estudo sobre cultura
africana poderia ter ficado na prática consagrada de apresentar o resultado por
meios físicos, porém o grupo escolheu o recurso do vídeo e colocou os sujeitos
do trabalho na rede mundial de computadores. Neste caso o trabalho que estaria
restrito à comunidade local ou no máximo do entorno da escola ganha contornos
de infinito. Se realizado na forma física o esforço e o resultado dos estudos
realizados, mais facilmente cairia no ostracismo com o fim da exposição física
dos mesmos. Neste caso não só os “internautas”, mas também os alunos sujeitos
do fato e outros que virão, trabalhos futuros da escola poderão ser inspirados
e quiçá até melhorados com base no que foi realizado neste ano.
Além destas considerações a
qualidade técnica do trabalho digital está impecável e mostra que o “sair de um
negócio seguro e arriscar outro mais atraente” é uma possibilidade que ninguém
deveria furtar-se, sobretudo quando se trata de experiência de aprendizado.
Em resumo, gostei muito da
atividade da Escola Joaquim Amarante pela qualidade e pelo envolvimento da
comunidade escolar.
O QUE DIZER SOBRE
CURRÍCULO...
Há alguns anos vi uma ação de marqueteiros de um determinado
candidato a um cargo no executivo ser apresentado como uma pessoa que “tinha
currículo”. A matéria apresentava a foto do candidato e em garrafais as
palavras: “Eu tenho currículo”.
Noutra ocasião ouvi numa radio de interior determinada
empresa oferecendo vagas para diversas funções. O anúncio dizia mais ou menos
assim: “Empresa X está recrutando profissionais para diversas áreas, salário
compatível com a função, mais benefícios, interessados enviar “Curriculum
Vitae” para...” Curiosamente o locutor que fazia o anúncio e pouco sabia
português, lia a expressão latina tal como se escreve, obviamente tornando o
anúncio pífio e sem brilho algum.
Não é raro que nas escolas se use a expressão “grade
curricular”, “componente curricular”, “matriz curricular” todos com conceitos
nem sempre claro da sua abrangência e finalidade. Não é raro também que se use
a expressão “currículo oculto” para falar de segundas intenções que a escola ou
a instituição tem em relação a um determinado processo de conhecimento e
aprendizagem. Durante a ditadura militar a expressão “currículo oculto” fazia
parte das segundas intenções nas disciplinas de Educação Moral e Cívica e
Organização Social e Política Brasileira.
Sem delongas, parece-me oportuno compreender currículo
destacando-o de todas as afirmações anteriores compreendendo-o de modo simples
como um conjunto de saberes que podem ser interconectados fazendo que os
interessados no processo percebam a ligação de todos com as partes e das partes
com o todo sem reduzir a compreensão de “todo” como soma das partes e a “partes”
como a fração do todo.
Em resumo parece objetivo dizer que currículo é o conjunto de
saberes que facilita aos envolvidos no processo compreender o lugar onde estão
a o horizonte para onde querem caminhar.
AMPLIANDO NOSSOS REPERTÓRIOS
DE
APRENDIZAGEM EM REDE
Cheguei para trabalhar na escola em julho de 2011. Conhecia a
imagem pública da escola como um modelo de vanguarda no que dizia respeito às
inovadoras práticas pedagógicas. De fato nesta escola já se trabalhava com
projetos há vários anos, em 2009 a Escola havia iniciado a experiência piloto
para toda a 9ª GERED com o ensino médio inovador - Escola em tempo integral. Era a maior escola circunscrita à Gerencia
Regional de Videira, tudo o que se referia a novidades passava primeiro por
este ambiente, se aqui dava certo poderia ser aplicado ao chão de qualquer
escola.
Da minha parte, chegue tendo concluído o mestrado em Educação
na Pontifícia Universidade Católica do Paraná – com sede em Curitiba. À parte
de todas as teorias sobre educação inovadora próprias de um sujeito que acaba
de apresentar uma dissertação de mestrado, tinha vivido os últimos três anos na
Capital do Paraná, cujo borbulhar cultural dispensa comentários.
Fui recebido na escola como portador de ideias
inovadoras, porém, como além de
professor eu sou também Padre Católico, a imagem era de um “bom menino” mais ou
menos no sentido de que seria um sujeito piedoso e que nada faria para
desestabilizar o Status quo que aí
estava estabelecido, havia anos.
Na prática pedagógica propus logo a realização de aulas
interativas com o uso do laboratório de informática, em cujo espaço seria
socializado o conteúdo a ser trabalhado e os alunos realizariam atividades e
avaliações. Eu mesmo não tinha muito
conhecimento de como isso poderia acontecer e a falta de um ambiente virtual de
aprendizagem empurrou-me para o uso da ferramenta blog.
No endereço: www.professorelcioalberton.blogspot.com, passei a colocar os conteúdos que seriam discutidos em aula
permitindo aos alunos fazer comentários, perguntas, dúvidas, respostas e
avaliações. Sob o pretexto que a ferramenta não era usual aos alunos, que não
tinham acesso à internet fora da escola, que os comentários e correções do
professor expunham os alunos na rede mundial de computadores, a direção da
escola pediu que no ano seguinte o professor dispensasse a ferramenta.
De fato em 2012 não utilizei nenhuma forma de TDIC. Em 2013,
já amplamente popularizado a rede social conhecida como FACEBOOK, propus a
criação de uma página para cada turma da escola, na forma de grupo fechado.
Deste modo evitaria a “exposição publica do aluno”, na rede social que era a
mais usada e conhecida por toda a escola
se apresentava como uma forma interessante de interação para a aprendizagem.
Mais uma vez a experiência não surtiu efeito a começar pela direção da escola
que achou a virtualidade algo muito além da capacidade dos alunos e da
tradicional prática pedagógica da escola que ainda imprimia todo o material
didático que era utilizado na escola. A direção exigiu que o professor
aceitasse e realizasse todas as ações pedagógicas na forma física e se assim o
desejasse colocasse também a disposição na rede social.
Em 2013 a experiência
foi apresentada como “criatividade pedagógica” durante a “mostra regional de
conhecimento” a iniciativa foi boicotada pela Gerência Regional de Educação que
não julgou oportuno o trabalho com tecnologias digitais na escola que ainda era
marcadamente de cultura analógica.
Em 2014, reiterei a possibilidade de disponibilizar os textos
a serem trabalhados na ferramenta blog e também na forma física para aqueles
que assim o desejassem. O meu endereço de facebook passou a ser utilizado como recurso
de comunicação. Neste ano também fiz todo o trabalho de registro de conteúdos,
notas, presenças no recurso Google Drive, entregando o diário impresso ao final
de cada bimestre para a coordenação pedagógica. A secretaria da escola não
reconheceu como experiência piloto e não forneceu nenhum registro de alunos,
todos os nomes dos alunos foram por mim digitados um a um atualizando-os a cada
bimestre de acordo com as movimentações realizadas pela secretaria da Escola.
Quanto aos conteúdos, a partir do segundo semestre sugeri que
os alunos poderiam utilizar os celulares com acesso à internet em sala de aula
para leitura dos conteúdos da disciplina. Aos poucos se nota que o tabu sobre
uso de celulares em sala de aula deixou de ser um problema discutido no Conselho
de Classe e outras reuniões pedagógicas e até o cartaz com o número da lei
estadual que proibia o uso de celulares em sala de aula desapareceu dos murais.
Neste ano quando surgiu a possibilidade de realizar o curso
de Mídias pedi para ser incluído entre os cursistas. Não houve na escola
publicidade para o curso, apenas foram escolhidos “dedocraticamente” quatro
professores para que a Escola tivesse acesso a esta oportunidade.
Não foi nenhuma surpresa constatar no retrato da escola que
os professores respondentes da pesquisa tenham declarado que o uso que se faz
da WORD WIDE WEB se limita a pesquisas genéricas nas páginas virtuais.
Neste contexto a Escola aparece desafiada a aceitar uma
intervenção pedagógica no que se refere ao uso das TDIC para a aprendizagem a
partir de 2015.
As TDIC e o Currículo na Prática
Agora, o desafio é retomar a
experiência desenvolvida no PLAC 2 (Atividade 1: Ampliando Nossos
Repertórios sobre Experiências de Aprendizagem em Rede) pelo grupo de
trabalho e:
1)
Identificar que tipos de
conteúdos (conceituais, atitudinais e procedimentais) estão presentes na
experiência escolhida, conforme descrito anteriormente:
A experiência socializada no PLAC2 pelo grupo de
cursistas da Escola de Educação Básica Professora Adelina Régis – Videira – SC,
compreende um conjunto de práticas pedagógicas e didáticas utilizadas na Área
de Ciências Humanas. A utilização das TDIC busca facilitar a compreensão e
análise dos conteúdos relativos à disciplina em referência. A produção de textos
e a socialização deles pelo professor e pelos alunos por meio das TDIC contribui
com o desenvolvimento das competências, da construção e solução de problemas por todos os envolvidos
no processo de utilização dos recursos disponíveis. Ao mesmo tempo nota-se que
a experiência interage com o desenvolvimento de habilidades, destrezas,
técnicas e métodos de socialização do aprendizado. Estas habilidades
procedimentais podem ser identificadas na produção e publicação dos trabalhos
em vídeos, em podcast, por meio de
comentários no blog ou atividades realizadas nas redes sociais.
Por sua vez fica também clara a interação da
comunidade escolar com a realidade que o cerca, na medida em que os conceitos
de ética, de conhecimento, de compreensão da filosofia tem estreita relação com
a prática cotidiana do aluno no ambiente escolar objetivando facilitar
comportamentos e atitudes no que se refere ao aprendizado e o seu cotidiano.
2)
Analisar e refletir a respeito de
como as TDIC se fazem presentes no desenvolvimento da prática em análise:
Sendo a
experiência relatada uma prática pedagógica adotada pelo professor da área
durante todo o ano letivo e na qual tanto o professor quanto os alunos fazem
uso diário das ferramentas digitais de informação e comunicação não se pode dizer que exista algum momento no
qual as TDIC tenham menor importância.
Vídeos, podcast, redes sociais, blog, power point, formam uma rede de
recursos utilizados durante todo o processo de ensino e aprendizagem.
3)
Descrever, de forma reflexiva e
diante dos estudos já realizados no curso, possíveis alterações em relação aos
conteúdos trabalhados ou às TDIC, de modo a possibilitar uma ampliação do
alcance do trabalho proposto.
A Área de Ciências Humanas compreendem uma gama
muito significativa de conteúdos que podem ser explorados nas dimensões
atitudinais, conceituais e procedimentais levados a exaustão.
Considerando que as DCNEB, são como o próprio nome diz
diretrizes que indiquem um caminho, parece oportuno que o corpo docente da
escola construa coletivamente sua proposta pedagógica, deste modo será mais
eficaz o trabalho do ensino e da aprendizagem, pois cada professor poderá
montar seu plano de trabalho a partir dessa proposta.
A Organização da proposta de trabalho do professor
vai levar em conta os princípios educacionais garantidos pela legislação da sua
mantenedora de modo que suas práticas pedagógicas garantam o significado e o
espaço social capaz de facilitar a
construção das identidades dos educandos.
Precisa ficar claro para o corpo docente da escola
que currículo é muito mais do que o conteúdo a ser ensinado, mas compreende
também os conceitos, as atitudes e os procedimentos.
A partir destas considerações a experiência
escolhida pelos cursistas da Escola de Educação Básica Professora Adelina Régis
e socializada no PLAC2, pode ser ainda
mais completa. Trata-se de uma prática pedagógica utilizada há três anos com
alunos do ensino médio.
Desde 2011 o professor foi fazendo alterações no
que se refere aos aspectos atitudinais e procedimentais na utilização das TDIC.
Os conceitos explorados no período foram sendo reordenados para a finalidade
que se queria, ou seja, formar sujeitos autônomos dotando-os de condições
indispensáveis para a construção de sua cidadania.
Neste sentido, ano após ano e certamente depois de
conhecer melhor as possíveis maneiras e integrar as TDIC no processo de ensino
e aprendizagem a experiência poderá ser enriquecida com alternativas para
enriquecer o aprendizado dos alunos.
Desde que a experiência começou a ser utilizada ela
foi sendo alterada com a utilização do blog, das redes sociais, da produção de
vídeos, e da gestão do processo de aprendizagem.
Uma das linhas mestras da prática pedagógica em
referência é a produção de saberes pelo professor e pelos alunos com a
respectiva socialização deles usando os recursos das TDIC.
CONTRIBUIÇÕES DAS TDIC AO
DESENVOLVIMENTO DO CURRÍCULO
Por conta da minha
formação religiosa sou suspeito ao fazer a analogia entre o uso das TDIC na
educação. Em boa parte dos casos em que
se propõe o uso das tecnologias na educação corre-se o risco de cometer o
equívoco que Jesus Cristo previu no Evangelho: “Ninguém
põe um remendo de pano novo numa veste velha, porque arrancaria uma parte da
veste e o rasgão ficaria pior. Não se coloca tampouco vinho novo em odres
velhos; do contrário, os odres se rompem, o vinho se derrama e os odres se
perdem. Coloca-se, porém, o vinho novo em odres novos, e assim tanto um como
outro se conservam” (Mateus 9,16 -17).
Neste sentido a
aplicação das TDIC na educação é um processo de reinvenção da educação.
Reinventar não é sinônimo de utilizar recursos tecnológicos de última geração
com práticas pedagógicas da era jesuítica. Integrar currículo com recursos
tecnológicos implica ter claro que a tecnologia estrutura o pensamento e que o
processo de aprendizagem acontece mediatizado pelos recursos tecnológicos.
A reinvenção da Educação com o uso adequado das TDIC facilitará que os sujeitos da escola (professores, alunos, pais, gestores, comunidade do entorno da escola) sintam-se protagonistas de uma nova forma de ensinar e aprender.
A reinvenção da Educação com o uso adequado das TDIC facilitará que os sujeitos da escola (professores, alunos, pais, gestores, comunidade do entorno da escola) sintam-se protagonistas de uma nova forma de ensinar e aprender.
Deste modo fica claro
que o papel do professor no que se refere ao uso das tecnologias não será de
alguém que utiliza modernos recursos físicos, mas integra o que os recursos
físicos têm no projeto da produção e socialização dos sabres construídos coletivamente.
A seguinte afirmação: "[...]
a integração das TDIC ao currículo numa perspectiva sócio-histórica propicia
construir um currículo que supera a padronização, pois o que foi previamente
planejado pode ser reconstruído no andamento da ação, gerando múltiplos
currículos (Gallo, 2004, p. 45-46), constituídos em redes de conexões que
compõem sistemas abertos a múltiplas influências, flexíveis, dinâmicos,
rizomáticos. (ALMEIDA; VALENTE, 2011, p. 36)”; é esclarecedora para fazer
entender como as TDIC trouxeram para dentro da escola um universo de novos
interlocutores e produtores de conhecimento.
Assim fica claro que o papel do professor se
potencializa quando se refere a não perder oportunidades de aprender e de
produzir saberes auxiliado pelas TDIC.
INTERAÇÃO ENTRE AS TDIC E A TEORIA HISTÓRICO CULTURAL
A atualização da
proposta curricular de Santa Catarina foi pautada pelo pressuposto de que o ser
humano é um sujeito em construção. Tal compreensão tem seu fundamento na Teoria
Histórico Cultural, a qual sustenta que o ser humano vai se construindo por meio
das relações no ambiente em que está inserido.
Ora, os estudantes
deste inicio de século vivem imerso nas tecnologias e como afirma o texto que
embasa a realização desta atividade:
“Assim, do mesmo modo
que o currículo tem como uma de suas metas básicas o domínio da leitura e da
escrita para empregá-las no desenvolvimento pessoal e profissional, na
convivência no contexto sociocultural e no pleno exercício da cidadania, hoje
também é necessário que o currículo abarque os letramentos digitais e midiáticos
de modo que crianças, jovens e adultos possam ler escrever e aprender
empregando as múltiplas linguagens de comunicação e expressão propiciadas pelas
TDIC e mídias por elas veiculadas”.
Não resta dúvida que os
professores estão sendo desafiados, eles mesmos a conhecer mais e melhor os
diversos recursos de aprendizagem disponibilizados pelas novas mídias, e no que
se refere a elaboração dos seus Planos de Ação Pedagógica:
“Nesse sentido, a
criação de ambientes de aprendizagem interativos por meio das TDIC impulsiona
novas formas de ensinar, aprender e interagir com o conhecimento, com o
contexto local e global, propicia o desenvolvimento da capacidade de dialogar,
representar o pensamento, buscar, selecionar e recuperar informações, construir
conhecimento em colaboração por meio de redes não lineares”.
E ainda mais do que
incluir nos planos de ação pedagógica é importante que os docentes se abram
para o uso das TDIC de modo crítico e responsável. A expressão se abram, parece
não ser suficiente talvez a mais adequada fosse dizer que os professores “se
armem” das TDIC a fim de que estes recursos não acabem sendo introduzidas no
currículo de modo descontextualizado e desprovido de olhar crítico permitindo
acentuar ainda mais a hierarquização da sociedade e os processos de exclusão e
de desrespeito as diversidades.
Sem delongas a
conclusão do texto com as palavras de Paulo Freire:
“O exercício de pensar
o tempo, de pensar a técnica, de pensar o conhecimento enquanto se conhece, de
pensar o quê das coisas, o para quê, o como, o em favor de quê, de quem, o
contra quê, o contra quem, são exigências fundamentais de uma educação
democrática, á altura dos desafios do nosso tempo (Freire, 2000, p. 102)”; deve
marcar o cotidiano do professor no processo de associar currículo e tecnologia
em vista da eficácia do aprendizado.
PLANEJAR PARA AVANÇAR...
PLANO DE ATIVIDADE PARA INTERNVENÇÃO NO COTIDIANO
DA ESCOLA COM USO DAS TDIC
OBJETIVO: Facilitar aos alunos e professores o uso das TDIC como um
meio eficaz de produção e socialização de conhecimentos de modo que ambos
superem a dualidade comunicativa explicitada pelas expressões “codificador –
decodificador” para a condição de narrador produtor de saberes e conhecimentos.
FINALIDADE: Provocar interação entre as partes (aluno x professor)
promovendo a utilização mais adequada dos recursos de TDIC disponibilizados na
escola para fins de aprendizagem.
DESAFIOS: Recriar na comunidade docente (professores e gestores) a
coragem de inovar e superar o medo das tecnologias educacionais
facilitando-lhes a percepção de que o professor continua sendo o sujeito da
educação e que as TDIC são instrumentos pedagógicos muito preciosos de modo a
superar a ideia destes como meros recursos didáticos e pedagógicos.
Estimular os alunos a explorar as TDIC com a finalidade de
aprendizagem, produção e socialização de conhecimentos superando a prática
usual das TDIC restrita às redes sociais e as “pesquisas” genéricas na WEB.
Ler, escrever e socializar saberes é um dos limites mais
evidentes das novas gerações (professores e alunos), de modo que a interação
proposta neste plano pode ser um caminho para superar esta dificuldade.
DETALHAMENTO
DO PLANO
1-
Criação de uma página
no blog da escola para cada professor interessado em produzir e socializar os
saberes relativos à sua área de atuação.
2-
Periódica e sistematicamente
o professor e os alunos farão a publicação da sua produção intelectual.
3-
Alunos e professores
tecem comentários e sugerem alterações nos saberes construídos, respeitando os
prazos e normas estabelecidas entre as partes.
4-
Ao final do tempo previsto
a produção passa pela redação final. Esta pode ser uma produção do professor ou
dos alunos e então será pulicada como produto final do conhecimento realizado.
JUSTIFICATIVAS: Escolhemos este procedimento com os quatro passos a partir
da nossa prática no uso das TDIC já socializadas em atividades anteriores. No
retrato da escola constatou-se que professores e alunos tem clareza das
finalidades a que se propõem as TDIC no processo de aprendizagem, mas a maioria
absoluta não os utiliza de modo adequado. O uso dos recursos digitais para a
produção de saberes está associado tanto ao desconhecimento quanto ao medo. É
comum ouvir a expressão: “com uso do computador os alunos, definitivamente, não
vão mais aprender ler e escrever”. Nota-se nesta afirmação o desconhecimento da
imensa capacidade que o as novas tecnologias oferecem para a educação se
comparadas todas as demais inovações que já margearam o processo de
ensino/aprendizagem.
As novas diretrizes curriculares nacionais apontam para um
processo amplo de produção do conhecimento que diante dele as antigas práticas
de leitura e escrita podem ser consideradas inservíveis para os novos tempos.
Nossa escola tem recursos razoáveis para a realização deste
primeiro passo para o qual não há necessidade de grande domínio das TDIC e
mesmo um leigo no assunto tem condição de envolver-se no processo de modo
produtivo.
CONCLUSÃO: A produção deste plano de intervenção na prática pedagógica
da escola decorre do uso habitual que o professor de Filosofia tem feito na
Escola de Educação Básica Professora Adelina Régis de Videira nos anos de 2011
a 2014, No processo foram sendo detectados acertos e erros que o plano em
referência procura aproximar com a finalidade de tornar a ação mais eficaz.
Este trabalho também leva em conta o retrato da escola, a
experiência escolhida como significativa e as demais atividades do PLAC1.
Uma vez disponibilizado para a comunidade do curso de
pós-graduação ele precisa receber contribuições e ajustes a partir da
socialização com os colegas.
ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA PROFESSORA ADELINA RÉGIS
VIDEIRA
– SC – 9ª GERED – SANTA CATARINA
CURSISTA:
ELCIO ALBERTON
20
de outubro de 2014
INTRODUÇÃO
No contexto das atividades realizadas para o Curso
Pós-Graduação em Cultura Digital, o
texto a seguir se caracteriza pela narrativa de um processo de apropriação das
Tecnologias Digitais de Comunicação de Informação (TDIC) tanto na realização do
próprio trabalho como também no cotidiano da escola.
A palavra
“conhecimento” em filosofia se define como a capacidade de apropriar-se de um
fato, fenômeno, pessoa, objeto e assim por diante. Nesta situação esta inserida
a compreensão de verdade que é igualmente conceituada por diversos autores, porém,
que tem um fio condutor permeando todos eles. Por verdade entende-se a
capacidade de interpretar os diferentes olhares sobre o mesmo fato, fenômeno,
objeto, sujeito, etc. Conforme: “São as pessoas
que veem, e não seus olhos. Câmeras fotográficas e globos oculares são
cegos.". (HANSON, 1975, p. 129). Neste contexto cabe ainda a afirmação:
“As coisas não passam pelo que são, mas pelo que parecem. Raros são os que
olham por dentro e muitos os que se contentam com as aparências. Apenas ter
razão não basta; que o semblante também o demonstre". (BALTAZAR GRACIÁN,
2003, P. 61). Foi com esta perspectiva que o Curso de Pós-Graduação em Cultura
Digital apontou para a construção do retrato da escola, posto que o aprendizado, para cada pessoa
envolvida no processo traz imbricado em
si mesmo cenários, atores e visões sobre a sua trajetória e sobre o seu
contexto. Deste modo é possível afirmar
que professores e alunos criam entre si relação de amor/ódio com o
ambiente virtual de aprendizagem.
RELATO MINUCIOSOS DO PROCESSO REALIZADO
A construção do
retrato da escola pode ser descrito como tendo seu início na seleção dos
professores cursistas. Quando a proposta chegou à escola sequer foi percebida
pela comunidade escolar. Eu mesmo fui o único professor que procurei a direção
da escola com a intenção de realizar o curso. Antes de finalizar o período de
inscrição a diretora procurou pessoalmente mais três professores, a quem
ofereceu a oportunidade, mas o assunto não foi tratado no coletivo, nem muito
menos observado pelo fato de estar nas redes sociais.
As informações
fornecidas pela organização do curso não chegaram à escola nem tampouco aos
cursistas nos prazos adequados, pois permaneciam nos gargalos da burocracia que
faz a gestão das tecnologias na gerência e na pessoa colocada como referência
na escola.
A fase presencial
realizada no mês de agosto não alcançou o objetivo por conta dos limites de
acesso à internet oferecido pela empresa que sediou o evento. Por conta disto a
primeira tarefa digital constituída pelo foto dos olhos com o devido comentário
não ficou entendido por mim, e creio pela maioria, como um indicativo para a
construção do retrato da escola.
Dentre as atividades
realizadas no encontro presencial uma delas consistiu num relato sobre as TDIC
na escola e sua utilização. Neste caso
nosso trabalho foi realista e objetivo, ao mesmo tempo em que se pode observar escolas contando “milagres”
que dispensava qualquer “junta médica” para provar que se tratavam de “sonhos
quase impossíveis”.
Outro passo que se
constituiu num “parto difícil” foi compreender a plataforma e as diversas
formas de acesso, situação que com diversas críticas e desentendimentos depois
de quase um mês do início do curso foi possível contornar.
Quando se tratou de
construir o retrato a partir da observação da escola, já estava evidente que o
retrato não seria nada animador, porém seriam necessários meios que pudessem
provar as suspeitas. Neste caso aos professores cursistas da nossa escola pode
ser aplicado o conceito de “mestres da suspeita”, título dado aos filósofos
contemporâneos – Marx, Nietzsche, e Freud.
Para realizar a
pesquisa sobre a situação da escola na relação com as TDIC encontramos a
primeira barreira: A pesquisa precisou ser realizada com professores a alunos
utilizando-se de instrumentos físicos porque parte significativa dos entrevistados
não tem domínio sobre recursos tecnológicos. Uma apresentado o questionário
para a direção com o documento solicitando permissão para uso de imagens e
dados dos pesquisados, a direção não aceitou. Foi preciso realizar um
questionário anônimo para todos os envolvidos. A pesquisa que envolveu mais de
22% da comunidade escolar, entre professores, gestores e alunos, foi tabulada
por meio de gráficos, os quais posteriormente disponibilizados no blog da
escola para consulta e apreciação dos envolvidos.
A conclusão da
pesquisa apontou que o maior problema da escola não é oferta de recursos
físicos de TDIC, mas a compreensão que deles se tem na sua relação com a
educação e a efetiva utilização deles na produção do conhecimento.
As afirmações sobre os vários tipos de inteligência e a
consideração das TDIC como uma espécie de “cérebro externo” bem como as
afirmações de Jesus Martin Barbero explicitadas no modulo do Núcleo de Base,
enriquecidas pelo estudo do Centro de Pesquisas Educacionais e Inovação (OCDE),
associados aos conceitos de Educomunicação, serviram como elementos norteadores
do nosso trabalho.
DIFICULDADES ENFRENTADAS
Na prática as dificuldades já foram narradas na descrição
detalhada da realização da atividade, mas que podem ser resumidas nos seguintes
tópicos:
a)
Falta de compreensão do que são as TDIC pela comunidade
escolar;
b)
Recursos físicos de TDIC muito limitados na unidade
escolar;
c)
Pouca leitura sobre o tema pelos interessados no processo
de aplicação das TDIC na escola;
d)
Medo do novo;
AVANÇOS (OU PONTOS POSITIVOS) CONQUISTADOS DURANTE O PROCESSO
Na unidade escolar,
enquanto ambiente coletivo não houve nenhum avanço até o presente momento. Pessoalmente
considero que consegui evoluir em algumas práticas as quais já havia feito
outras tentativas sem sucesso e que agora, embora não utilizadas por outros
professores, pelo menos não são contestadas por eles e nem proibidas pela
gestão. Por exemplo, em 2013 a direção da escola proibiu que eu publicasse
minha produção e conteúdos escolares no blog da escola porque isso exporia a
escola de um modo perigoso, em 2014,
pelo menos o blog da escola é alimentado com textos e observações produzidos
por mim. Se quiser pode conferir: http://adelinaregisvideira.blogspot.com.br/
Passei a utilizar o
Google drive para registrar todo o aspecto administrativo e pedagógico do meu
trabalho com armazenamento nas nuvens, esse recurso foi apresentado pelos
tutores do Núcleo de Base 1.
Consegui utilizar com
os alunos o blog do professor para uma participação deles associando-os ao
curso de professores oferecido pelo Ministério da Educação (MEC) no pacto pelo fortalecimento
do ensino médio.
Realizei uma atividade
avaliativa com os alunos mediante a produção de um vídeo em forma de entrevista
que foi produzido pelos alunos e apresentado em sala de aula com a respectiva
discussão entre os pares.
Os colegas cursistas, ainda que não tenham conseguido
inteirar-se do processo e aplicar elementos da cultura digital no seu cotidiano
servem como divulgadores de uma nova mentalidade na escola.
APRECIAÇÃO FINAL
Há bastante tempo tenho insistido que a adoção de práticas
interativas de aplicação da cultura digital na escola é uma necessidade
pertinente, creio que o curso de pós-graduação em Cultura Digital fará este
sonho se tornar realidade, dito em outras palavras fazer o novo acontecer ainda
que “com dores de parto”.
REFERÊNCIAS
CITELLI, Adílson
Odair & COSTA, Maria Cristina Castilho. Educomunicação, São Paulo,
Paulinas, 2011.
CIMADON, Aristides.
Ensino e Aprendizagem na Universidade, Joaçaba, Ed. Unoesc, 2008.
GOMES, Péricles
Varela & MENDES, Ana Maria Coelho Pereira. Tecnologia e Inovação na
Educação Universitária: O MATICE da PUCPR,
Curitiba, Champagnat, 2006.
OCDE. Inspirados
pela tecnologia, norteados pela pedagogia, Florianópolis, 2010.
CONSTRUINDO UM RETRATO A PARTIR DE UM NÃO RETRATO
As
inúmeras teorias sobre a origem e desenvolvimento do universo das espécies
vivas e do próprio ser humano estão sendo superadas constantemente e cada vez
mais as pesquisas indicam que Sócrates tinha razão ao afirmar: “Só sei que nada
sei”, mas é certo também que o próprio ser humano vai se reconhecendo como um
sujeito que se redescobre a cada dia.
Os
desafios e as mudanças são o foco das discussões contemporâneas e nesse
turbilhão de muitas respostas para poucas perguntas a educação se vê imersa num
mundo de incertezas. Desta maneira se torna cada vez menos possível fundamentar
algumas práticas em teorias tradicionais que sempre deram certo.
A
escola está desafiada a romper com os paradigmas que nortearam sua existência
desde o princípio sob a condição de perder o lugar que conquistou a duras penas
no seio das sociedades. Está claro, porém, que esta quebra de paradigmas ainda
vai gerar muito desconforto antes que a “língua digital” seja entendida por um
mundo que pouco sabe sobre comunicação analógica.
Para
construir o retrato da nossa escola contamos com a contribuição de professores,
gestores e alunos que fazendo uso do modo mais elementar possível, responderam
a um questionário com alternativas de múltipla escolha, as quais foram depois
tabuladas e publicadas neste texto na forma de gráficos e tabelas.
De
um modo geral a diferença de compreensão sobre o que é “cultura digital” entre
os alunos e professores é abissal, o que parafraseando um texto bíblico pode
ser expresso assim: “tão mais longe está a compreensão de uns e de outros sobre
cultura digital, quanto longe estão o céu e a terra”.
Num
roteiro com sete questões aplicado a professores e gestores, e outro com o mesmo número de questões
chegou-se aos percentuais representado nos gráficos. Analisando os
questionários será possível perceber que todas as perguntas apresentam uma
alternativa obvia, uma absurda e três medianas sobre as quais recaíram também
respostas de modo indistinto.
As
respostas dos alunos foram majoritariamente em maior porcentagem dadas nas
alternativas óbvias, enquanto que gestores e professores divagaram de modo mais
expressivo. É com base nesta situação que o título deste artigo encontra sua
justificativa: “Construindo um retrato a partir de um não retrato”.
Nossa
escola tem pouco mais de 800 alunos e cerca de 60 professores incluindo aí a
equipe gestora. Participaram da pesquisa
20,58% do total de alunos e 22,05% dos professores e gestores. Para melhor
compreender o pensamento das categorias as questões e gráficos estão
apresentados em duas colunas a partir da próxima página para as mesmas
questões.
GRÁFICO 1 - QUESTIONÁRIO
APLICADO AOS ALUNOS:
1) Você entende por cultura
digital:
a) Fazer uso computadores,
tabletes, celulares;
b) Produção e transmissão de
mensagens;
c) Comunicar-se virtualmente;
d) Produção e transmissão de
conhecimentos por meio virtual;
e) Nenhuma das opções anteriores;
GRAFICO 2 QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES
1) Você entende
por cultura digital:
a) Fazer uso computadores, tabletes, celulares;
b)Produção e
transmissão de mensagens;
c)Comunicar-se
virtualmente;
d)Produção e
transmissão de conhecimentos por meio virtual;
e)Nenhuma das opções anteriores;
Gráfico 1 Gráfico 2 |
Na primeira questão há uma semelhança entre a opinião de alunos e professores sobre o tema, respeitando-se a proporcionalidade entre eles. Na tabela dos professores 10% significa totalidade.
GRÁFICO 1 - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS
2) Sua postura pessoal em
relação ao uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) [ é:
a) São mais um recurso didático
que se soma aos já existentes na escola;
b) São recursos didáticos e pedagógicos
muito necessários, mas pouco utilizados;
c) São recursos didáticos e
pedagógicos muito necessários, mas mal utilizados;
d) São recursos didáticos e
pedagógicos muito necessários, mas pouco conhecidos;
e) São recursos didáticos e
pedagógicos bem explorados e muito bem utilizados no cotidiano da escola;
GRÁFICO 2 - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES E GESTORES
2) Sua opinião em relação ao uso
das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) é:
a) São mais um recurso didático
que se soma aos já existentes na escola;
b) São recursos didáticos e
pedagógicos muito necessários, mas pouco utilizados;
c) São recursos didáticos e
pedagógicos muito necessários, mas mal utilizados;
d) São recursos didáticos e
pedagógicos muito necessários, mas pouco conhecidos;
e) São recursos didáticos e pedagógicos
bem explorados e bem utilizados no cotidiano da escola;
Gráfico 1 Gráfico 2 |
Observe que na
segunda questão as respostas se diferenciam significativamente. Enquanto os
alunos afirmam que os recursos são pouco e mal utilizados, os professores tem
na mesma proporção da pouca utilização a compreensão de que se trata de apenas
mais uma ferramenta.
3) Nas aulas e nas atividades
fora da sala de aula, você utiliza quais recursos da cultura digital:
a) Redes sociais;
b) Correio eletrônico;
c) Páginas da WEB;
d) Blog;
e) Nenhuma das opções;
GRÁFICO 2 - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES E GESTORES
3) Na sua prática pedagógica
quais recursos da cultura digital utiliza:
a) Redes sociais;
b) Correio eletrônico;
c) Páginas da WEB;
d) Blog;
e) Nenhuma das opções;
Gráfico 1 |
Gráfico 2 |
Na terceira
questão convergem as respostas de professores e alunos no que se refere à
navegação em páginas da WEB, ficando por conta dos alunos o uso de redes
sociais. Nenhum deles serve-se do correio eletrônico como uma forma
significativa de comunicação.
4) Utilizando algum dos recursos
digitais da questão anterior, Você faz qual destas atividades:
a) Pesquisa na Internet;
b) Publica no Blog, textos e
atividades sugeridas pelos professores;
c) Os alunos publicam no blog
sua produção de conhecimento;
d) Você e seus colegas publicam
nas redes sociais os conteúdos trabalhados ou a trabalhar em sala de aula;
e) Você e seus colegas trocam
mensagens sobre ensino/aprendizagem por meio do correio eletrônico;
Mais uma vez está claro para ambos que sua utilização é
limitada a conteúdos prontos o que se confirma pela resposta da questão 5.
GRÁFICO 2 - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES
4) Utilizando algum dos recursos
digitais da questão anterior, Você faz qual destas atividades:
a) Pesquisa na Internet;
b) Publica no Blog, textos e atividades
para a comunidade escolar;
c) Os alunos publicam no blog
sua produção de conhecimento;
d) Você e seus alunos publicam
nas redes sociais os conteúdos trabalhados em sala de aula;
e) Você e seus alunos trocam
mensagens sobre ensino/aprendizagem no correio eletrônico;
Gráfico 1 Gráfico 2 |
5) Na escola, em geral, as
Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) são utilizadas:
a) Professores e alunos
alimentam um blog com os trabalhos realizados por ele;
b) Usam o laboratório de
informática para pesquisas generalizadas;
c) Publicam conteúdos da proposta
curricular nas redes sociais;
d) As redes sociais são
utilizadas para comunicações rápidas;
e) As redes sociais são
utilizadas para avisos e comunicações sobre o cotidiano da escola;
GRÁFICO 2 - QUESTIONA´RIO APLICADO AOS PROFESSORES E GESTORES
5) Na escola, em geral, as
Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) são utilizadas:
a) Professores e aluno alimentam
um blog com os trabalhos realizados por ele;
b) Usam o laboratório de
informática para pesquisas generalizadas;
c) Publicam conteúdos da
proposta curricular nas redes sociais;
d) As redes sociais são
utilizadas para comunicações rápidas;
e) As redes sociais são
utilizadas para avisos e comunicações sobre o cotidiano da escola;
Gráfico 1 Gráfico 2 |
6) Quais os maiores desafios
para a integração das TDIC no cotidiano da escola
a) Falta de recursos físicos;
b) Falta de investimentos em
TDIC;
c) Problemas de gerenciamento
dos recursos disponíveis;
d) Desconhecimento, por parte
dos professores sobre como utilizar as TDIC;
e) Não tem nenhum desafio;
GRÁFICO 2 - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES E GESTORES
6) Quais os maiores desafios
para a integração das TDIC no cotidiano da escola
a) Falta de recursos físicos;
b) Falta de investimentos em
TDIC;
c) Problemas de gerenciamento
dos recursos disponíveis;
d) Desconhecimento, por parte
dos professores sobre como utilizar as TDIC;
e) Não tem nenhum desafio;
Gráfico 1 Gráfico 2 |
Note-se nesta questão que os
alunos acreditam que os professores e gestores conhecem os recursos digitais,
mas gerenciam mal, ao passo que os professores se declaram desconhecer como se
pode utilizar as TDIC.
GRÁFICO 1 - QUESTÕES APLICADAS AOS ALUNOS
7) Qual das sugestões a seguir
você adotaria para fortalecer o processo da Cultura Digital na escola:
a) Renovar os equipamentos
digitais da escola;
b) Preparar os professores para
utilizar de modo adequado as TDIC na escola
c) As TDIC pouco ou nada têm
para contribuir com o processo de ensino/aprendizagem
d) Organizar um blog na escola
no qual os professores publiquem conteúdos, atividades e exercícios para os
alunos;
e) Não tenho sugestão para sobre
como usar as TDIC na escola
GRÁFICO 2 - QUESTÕES APLICADAS AOS PROFESSORES E GESTORES
7) Qual das sugestões a seguir
você adotaria para fortalecer o processo da Cultura Digital na escola:
a) Renovar os equipamentos
digitais da escola;
b) Preparar os professores para
utilizar de modo adequado as TDIC na escola
c) As TDIC pouco ou nada tem
para contribuir com o processo de ensino/aprendizagem
d) Organizar um blog na escola
onde professores publiquem conteúdos, atividades e exercícios para os alunos;
e) Não tenho sugestão para sobre
como usar as TDIC na escola
Gráfico 1 Gráfico 2 |
Observe-se
que na primeira questão, tanto professores quanto alunos afirmaram saber que as
TDIC são recursos para produção e
transmissão de conhecimentos, nenhum deles utiliza com esta finalidade. Quando,
nas questões 4 e 5 são perguntados sobre como utilizam ambos declaram que fazem
pesquisas genéricas em páginas da WEB. É insignificante a proporção dos que
utilizam um blog, como espaço para produção e socialização de saberes e muito
pouco também o uso do correio eletrônico. Na questão de número 7, oito em cada
dez professores acha que precisa ser mais bem preparado para utilizar as TDIC
na escola.
Publicando
este retrato da escola é possível compreender que a adoção das TDIC na educação
será uma mola propulsora nas transformações sociais e nas novas formas de
pensamento. Para isso, porém, será
necessário que a comunidade escolar, a começar pelos professores e gestores
compreendam que a revolução tecnológica na educação se dará não necessariamente
pelo uso de recursos didáticos de última geração, mas pela geração de novos
conhecimentos e de dispositivos de processamento e comunicação destes
conhecimentos com os recursos disponíveis.
“As TDIC
estão aí para ajudar a compreender que o conhecimento não é exclusivo da sala
de aula ou da escola, ele é fruto das relações das ações dos homens sobre os
objetos... A educação não é um processo solto, isolado dos processos econômicos,
políticos, culturais, sociais. É uma ação sistemática e crítica no processo
social amplo da vida brasileira. A educação é um processo de construção, de
formação, de aquisição de habilidades intelectuais, motoras e afetivas”
(Cimadon, 2008, p. 51).
As
respostas dadas por professores e alunos são coincidentes com o cotidiano da
nossa escola. Um levantamento mais detalhado vai mostrar que o uso do
laboratório de informática acontece em perfeita consonância com as respostas
dadas nas questões 5 e 6 deste
questionário. O uso de redes sociais é praticamente inexistente e a comunicação
continua sendo por avisos e recados nos murais físicos da escola, nem ao menos
um E-mail atualizado dos professores
e gestores compõe um banco de dados para comunicação entre ambos.
Certamente
fazer um Upgrade dos hardware da escola será necessário, mas
é muito mais urgente a atualização dos professores para estes novos tempos que
a educação está exigindo.
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