Diferente das anedotas que circularam sobre as curiosidades numerológicas do algarismo 11 e das combinações derivadas no decorrer de 2011, o número 12 tem, para a civilização ocidental, uma simbologia de perfeição e totalidade. Deste modo temos 12 para as horas do dia, 12 para os meses do ano, dúzia (12) para definir um número perfeito e assim por diante.
Numa rápida busca pela Sagrada Escritura, encontramos o número 12 também visto sob a ótica da perfeição. 12 são as tribos de Israel, 12 são os discípulos de Jesus, de 12 estrelas é feita a coroa com que foi agraciada a mulher vitoriosa do apocalipse, 144,000 (múltiplo de 12) é o número dos que foram salvos.
De qualquer modo reiniciar o ano, é começar de novo tendo em vista o conceito de melhoria e perfeição. Na perspectiva da visão e missão das instituições, mirar a perfeição é sinônimo de metas e objetivos. Tal condição supõe reconhecer as capacidades e os limites das pessoas e da própria instituição que se propõe o recomeço.
Uma das metas que todos almejam anualmente se concretiza no desejo de paz, naturalmente para que esta seja alcançada é importante ter objetivos que apontem na direção para onde se quer ir. O Papa costuma escrever anualmente, por ocasião do dia 01 de janeiro, uma carta aberta focando alguns objetivos pertinentes para que a meta da Paz Aconteça. Para o ano de 2012, Bento XVI, escreveu com o tema: “Educar os jovens para a justiça e a paz”.
Os pronunciamentos e escritos do atual Papa, trazem uma marca, a meu modo de ver, de exagerada preocupação com o que ele chama de “relativismo”. Independente desta consideração, para o ano de 2012, Bento XVI escreveu com os olhos e os pés na Europa e na crise que vive e experimenta o velho mundo e as chamadas nações desenvolvidas. O texto não faz nenhuma referência às sociedades emergentes e a situação social e política em que vivem os povos do terceiro mundo.
De qualquer modo os apontamentos que o Papa faz como objetivos para a meta da PAZ merecem ser considerados e lidos à luz da perfeição que se deseja. Não fora de propósito a Carta a que nos referimos chama atenção para 12 componentes que integram o objetivo em questão. Para alcançar a PAZ, diz o Papa, há que se considerar:
1) Reconhecer-se criado e educado por Deus, de modo a não se deixar abater pelas tribulações do cotidiano;
2) Apostar na juventude, pois ela pode com “seu entusiasmo e idealismo, oferecer uma nova esperança ao mundo”;
3) Escutar e valorizar o mundo juvenil considerando este um “dever primário da sociedade”.
4) Compreender que a vida se constitui no maior dom que o ser humano pode usufruir, daí que se constitui num dever imperioso dos adultos “comunicar aos jovens o apreço pelo valor positivo da vida, suscitando neles o desejo de consumá-la ao serviço do Bem”.
5) O ano é novo e a meta é alcançar coisas novas e um mundo novo. Não ter medo da novidade que “nasce com dores de parte” e “olhar para os jovens com esperança, confiar nos jovens e suscitar-lhes a coragem de não se cansarem na busca pela verdade respeitando o bem comum”.
6) Dentre os instrumentos mais adequados para vislumbrar a meta importa reconhecer que “A educação é a aventura mais fascinante e difícil da vida”. É por ela, como se compreende na etimologia da palavra que a pessoa pode sair de si mesma e partir para novas realidades que fazem crescer.
7) Não se pode imaginar uma atitude diversa neste caso, que não seja a responsabilidade do discípulo e do educador. Tal condição supõe muito mais do que “meros dispensadores de regras e informações; são necessárias testemunhas autênticas, ou seja, testemunhas que saibam ver mais longe do que os outros, porque a sua vida abraça espaços mais amplos. A testemunha é alguém que vive primeiro, o caminho que propõe”.
8) A interdisciplinaridade que se persegue na escola vem contemplada na carta do Papa, pelo que se pode chamar de “inter-responsabilidade”. Todos os responsáveis pela condução das instituições sociais (famílias, partidos, associações, partidos, sindicatos, governos, etc...) “Velem, com grande sentido de responsabilidade, por que seja respeitada e valorizada em todas as circunstâncias a dignidade de cada pessoa”.
9) Muitos cientistas já admitem que o princípio de tudo já não se constitui mais de 12 partículas, mas de 13, esta última foi batizada de “bóson de higgs” e popularmente conhecida como “partícula de Deus”. Não sem razão as comunidades escolares e todos os ambientes educativos são convidados a “ser lugar de abertura ao transcendente e aos outros; lugar de diálogo, coesão e escuta, onde o jovem se sinta valorizado nas suas capacidades e riquezas interiores e aprenda a apreciar os irmãos. Possa ensinar a saborear a alegria que deriva de viver dia após dia a caridade e a compaixão para com o próximo e de participar ativamente na construção duma sociedade mais humana e fraterna”. Em outras palavras Paulo Freire se expressou: “construir um mundo onde seja mais fácil de amar”.
10) E eis que o Papa se encaminha para a conclusão da sua exortação fazendo um apelo “aos responsáveis políticos, pedindo-lhes que ajudem concretamente as famílias e as instituições educativas a exercerem o seu direito-dever de educar”.
11) Do ponto de vista da intelectualidade, que lhe é peculiar, Bento XVI usou de perspicácia recorrendo a Santo Agostinho para fundamentar o desejo de todos: “Quid enim fortius desiderat anima quam veritatem – que deseja o homem mais intensamente do que a verdade?”.
12) E a carta do Papa conclui com uma afirmação ainda não de todo aceita pelas instâncias educativas e políticas. Educação não se faz somente com a preparação técnica e intelectual dos envolvidos. “a educação diz respeito à formação integral da pessoa, incluindo a dimensão moral e espiritual do seu ser, tendo em vista o seu fim último e o bem da sociedade a que pertence”.
Estes doze componentes facilitam a compreensão dos objetivos a que a sociedade se propõe no início deste novo ano. Quero acreditar que muito ajudará na consecução da meta o projeto piloto do “Ensino Médio Integral” que está sendo implantado no Estado de Santa Catarina.
As inovações que acontecem no campo da Educação foram contempladas no documento de Aparecida, no qual os bispos da América Latina afirmam: “Vê-se com bons olhos um esforço dos estados em definir e aplicar políticas públicas nos campos a saúde, da educação, seguridade alimentar... “(AP 76).
Do ponto de vista das religiões merece recordar o que dizem os bispos católicos do Brasil na sua proposta pastoral para o quadriênio 2011-2015: “O compromisso social tem, pois, sua raiz na própria fé”(DGAE 130c).
Para concluir é imprescindível reafirmar que a promoção da paz é uma meta posta para todas as pessoas, instituições e sociedades, naturalmente que a escola não pode ficar de fora.
E que a humanidade seja mais feliz!
A educação merece alguém capaz de pensar diferente. Obrigado Prof. Elcio.
ResponderExcluirValdete
É interessante como fica fácil entender a ligação da educação com a fé.
ResponderExcluirVania
Realmente, educar e amar são duas faces da mesma moeda. E muito mais fácil compreender dom os escritos do prof. Elcio
ResponderExcluirSandra
Tinha que ser o professor Elcio para fazer enxergar com outros olhos o ano novo.
ResponderExcluirMarina
Nunca pensei que seria capaz de ler alguma coisa tão bem esclarecida sobre Fé e Educação.
ResponderExcluirTenho muitos anos de magistério e quase moro na Igreja, não vejo isso em nenhum outro padre.
Karina