ENSINO MÉDIO UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE...
Na Filosofia, tem-se como
necessário o estudo sobre a razão de ser e a própria razão como SER. Neste
último aspecto surge o chamado princípio racional, o qual é sistematizado em:
a)
Identidade – Aquilo que é não pode não ser. Por
exemplo: A carteira de identidade identifica o seu portador; as digitais de uma
pessoa; a arcada dentária de um animal ou ser humano; isso é o que se chama de “obvio”.
b)
Não contradição – Uma coisa ou pessoa não pode
ser e não ser ao mesmo tempo. Isso só acontece no teatro, no filme, na novela.
Na vida real as pessoas são e pronto. Uma coisa “É” e pronto. Uma mesa é uma
mesa, até que ela deixe de ser.
A
9ª edição do EDUCASUL, realizada nos dias 08 a 10 de agosto em Florianópolis
permitiu que muitos educadores pudessem confirmar
o que já está se questionando há bastante tempo: Qual a identidade do Ensino
Médio? Segundo a LDB, trata-se da última etapa da educação básica e tem como
objetivo formar cidadãos, assim também se expressa o Conselho Nacional de
Educação:
Tendo
em vista que a função precípua da educação, de um modo geral, e do Ensino Médio
– última etapa da Educação Básica – em particular, vai além da formação
profissional, e atinge a construção da cidadania, é preciso oferecer aos nossos
jovens novas perspectivas culturais para que possam expandir seus horizontes e
dotá-los de autonomia intelectual, assegurando-lhes o acesso ao conhecimento
historicamente acumulado e à produção coletiva de novos conhecimentos, sem
perder de vista que a educação também é, em grande medida, uma chave para o exercício
dos demais direitos sociais (Parecer CNE/CEB nº 5/2011).
Considerando
esta afirmação, o evento em referência, que teve a participação de autoridades e renomados
educadores serviu também para mostrar que as ofertas que se faz do ensino
médio, sobretudo na rede pública, com os outros auxílios, tal como, o PRONATEC
na sua grande maioria destinado a
subsidiar a iniciativa privada, deixa a desejar no que se refere aos princípios
racionais.
Uma
vez que “aquilo que é não pode não ser”, como afirmar que a função do ensino
médio é preparar pessoas para a Universidade? Ou pior que isso, preparar mão de
obra para o mercado altamente competitivo que se instala no Brasil contemporâneo
do “pleno emprego?”.
Dentre
as considerações levantadas durante o evento surgiu a preocupação com a
permanência, conclusão e evasão do ensino médio. Não parece difícil compreender
que estas três condições estão relacionadas na sua integridade com o princípio
da “Não contradição”.
As
diversas iniciativas oferecidas, sobretudo, no ensino público, não respondem ao
princípio fundamental: “construção da cidadania” e “exercício dos demais direitos sociais”.
Afirmações como a do Professor Gaudêncio Frigotto são facilmente compreendidas
neste contexto. Declarando que “As escolas que tem Santo atrás” não mostram com
a mesma intensidade a preocupação levantada em todas as outras, o professor se
fez entender sob a ótica de: “as escolas que tem uma filosofia cidadã” não sofrem da mesma “anorexia” que todas as
demais.
As
diversas iniciativas apresentadas incluindo: “Ensino médio integral, ensino
médio integrado, técnico pós-médio” nenhuma apontou para o núcleo da questão: FORMAR
GENTE! Todas estão estruturadas para uma meta cujo fim está na adequação
idade/serie de conclusão do ensino médio com a respectiva entrada no mercado de
trabalho ou continuidade.
Resta
ainda uma pergunta que não pode deixar de ser feita: Até quando o governo
continuará oferecendo incentivos para a formação de mão de obra e não tem
nenhuma iniciativa voltada para garantir a permanência do jovem em escolas
integrais, que não deveriam ter como meta a formação nem para a Universidade,
nem para o mercado, mas para a cidadania?
Esta
última observação pede uma revisão estrutural na oferta do ensino médio integral
que inclua currículo, gestão, conteúdos e na própria essência da educação que
pode ser bem compreendida como “oferecer aos nossos jovens novas perspectivas
culturais para que possam expandir seus horizontes e dotá-los de autonomia
intelectual”.
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