Sediar o
“maior espetáculo da terra” é uma oportunidade ímpar e que o Brasil soube muito
bem aproveitar. A realização da copa do mundo da FIFA 2014, no Brasil fez com
que o país e o seu povo fossem vistos por “quase meio mundo”, cerca de 3
bilhões de pessoas ficaram durante 31 dias com os olhos e o coração voltados
para as “terras tupiniquins”.
Descentralizar
a copa do mundo em doze cidades sede foi uma alternativa sábia e que
permitiu ao país ser conhecido do
Oiapoque ao Chuí. Inclusive para os brasileiros esta foi uma oportunidade para
desviar o foco do chamado “eixo Rio – São Paulo – Minas”
As avaliações
de especialistas internacionais confirmaram o que se previa desde o início: “O
Brasil faria a Copa das copas”. Isso
se deve a investimentos em
infraestrutura e de muito trabalho, tarefa que foi assumida por todos os
cidadãos.
A copa do mundo
mostrou um país de gente trabalhadora, ordeira, acolhedora, responsável e mais
uma dezena de adjetivos que se poderia atribuir ao país e ao seu povo. Passados os dias da Copa pode-se afirmar, sem
sombra de dúvida, que a Copa deixou um legado cultural extraordinário, com
ensinamentos para outros 60 ou mais anos.
O final
melancólico e o medíocre quarto lugar conquistado pela Seleção Canarinho também
servem de lição e de onde se podem tirar
muitas lições para um país que precisa continuar se construindo como “casa de
todos”.
Seria inútil buscar
respostas para a maior derrota da história da seleção, nem muito menos criar
mitos que possam ajudar a entender o fracasso da derradeira eliminatória. A
esta altura não faltam palpiteiros de plantão apresentando respostas e propondo
modelos para os próximos passos da seleção.
Não resta
dúvida que algo precisa mudar, e com certeza logo, se o país quer realmente
conquistar o Hexa numa das próximas copas.
Porém, neste momento, sem hexa e com sete gols a tiracolo é necessário
tirar outras lições mais necessárias e
urgentes.
Na linguagem
popular, diz-se que sete é conta de mentiroso, porém, neste caso, ele é a mais
pura verdade. Prefiro analisar o número sete, desde a exegese bíblica para quem
o número sete representa infinitas situações e possibilidades.
A marca de 7
gols foi a maior derrota imposta à seleção canarinho em cem anos de história.
Todavia, colocando os sete gols no lugar que eles devem estar é importante
lembrar que em cem anos o Brasil experimentou outras derrotas e tantas vitórias
que podem ser interpretadas sob a ótica do número sete:
1)
De 1914 até a presente data o Brasil passou por
duas ditaduras, a saber: “Estado Novo de
Getúlio Vargas e a Ditadura Militar”;
2)
Em 100 anos, sete presidentes pertencentes às
forças armadas chegaram a Presidência da República sem terem sido eleitos pelo
voto dos cidadãos;
3)
No mesmo período quatro presidentes foram
depostos e por três vezes a Presidência da República ficou vaga;
4)
Em 100 anos o Brasil trocou sete vezes sua
moeda, sempre corroída pela inflação;
5)
Em 100 anos o Brasil teve sete modelos de
previdência e seguridade social, alguns deles limitando também o direito à
assistência médica e acesso à saúde pública;
6)
No mesmo período o País teve sete constituições
totalmente novas ou pelo menos reescritas em grande parte;
7)
Em 100 anos o Brasil passou por sete leis
reguladoras da educação no país.
Estas, entre
tantas outras, situações merecem ser lembradas como muito mais sofridas do que a
vexatória derrota para a Alemanha na Copa de 2014.
Mas há que se
reconhecer que o Brasil dos brasileiros é muito maior do que tudo isso e por
isso foi sempre capaz de se levantar, como diria Cecília Meireles: “Aprendi com
as primaveras e me deixar cortar e a voltar sempre inteira”, este sim é o
Brasil que sediou o maior espetáculo da terra em 2014.
O resultado
do jogo contra a Alemanha, bem como as outras sete derrotas já mencionadas, não
são nada diante da determinação e da coragem que o povo deste país já provou
que é capaz.
1)
Em muito menos de 100 anos o Brasil garantiu o
direito universal de voto a todos os cidadãos;
2)
Em muito menos de 100 anos o Brasil pagou a infame
dívida externa e deixou de pedir “esmolas” para organismos internacionais;
3)
Em muito menos de 100 anos o Brasil praticamente
eliminou o analfabetismo no país;
4)
Em pouco mais de uma dezena de anos o Brasil
dobrou o número de vagas nas universidades públicas;
5)
Em muito menos que 100 anos o Brasil instituiu um Sistema Único de
Saúde (SUS) que, embora não sendo perfeito, garante atendimento integral aos
cidadãos e serve de modelo para diversos países do mundo;
6)
Em muito menos de 100 anos o País controlou a
avalanche inflacionária, estabilizou a moeda e promoveu uma gigantesca
redistribuição de renda diminuindo drasticamente os níveis alarmantes de
pobreza em que viviam milhares de brasileiros;
7)
Em pouco mais de uma dezena de anos o salário
mínimo recuperou o seu poder de compra em mais de 70%.
8)
Apenas estas SETE situações faz
acreditar que a Copa do Mundo no Brasil se tornou uma oportunidade
extraordinária para que o País mostre a sua “verdadeira cara” e mais ainda
ajudou a perceber uma verdade que nunca foi dita: “Enganam-se os que imaginam
possível levantar uma nação rica e poderosa sobre os ombros de um povo
explorado, doente, marginalizado e triste. Uma nação só crescerá quando crescer
em cada um de seus cidadãos, o conhecimento, a saúde, a alegria e a liberdade”
(Discurso que seria proferido por Tancredo Neves
em março de 1985, quando assumiria a presidência do Brasil).
É neste contexto que ao
encerrar os jogos da Copa do Mundo da Fifa 2014 no Brasil e amargando a mais
dura derrota que a seleção brasileira experimentou em toda a sua história que
ganham ainda mais força as sete condições,
sugeridas por D. Odilo Pedro Scherer, para as quais o povo brasileiro precisa
continuar lutando no jogo da vida:
1)
Vitória sobre a pobreza;
2)
Convívio social pacífico, sem discriminação ou
violência e com respeito ao próximo;
3)
Superação da corrupção;
4)
Educação e saúde de qualidade ao alcance de
todos;
5)
Condições dignas de moradia;
6)
Trabalho para todos;
7)
Transporte público de qualidade.
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