quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

DIGA NÃO AO NÃO...

A CULTURA DO “NÃO”

As lições sobre pedagogia aplicadas por Kant e publicadas por um de seus discípulos ainda em 1803   apresentam-se  de uma atualidade impressionante para as escolas contemporâneas. No contexto do que vêm sendo chamado de “Primavera Árabe”, parece importante rever o que se entende por educação, por instrução e por disciplina e qual a função de cada uma delas, ou melhor, o que se quer com cada uma delas.
A obra de Kant inicia com uma brilhante diferenciação entre as três e apresenta a quais criaturas elas se aplicam e em que circunstâncias. Diz ele: A disciplina é meramente negativa, isto é, consiste na ação em que se anula no ser humano a animalidade. A instrução, pelo contrário, é a parte positiva da educação E a educação é uma arte  cuja prática precisa ser aperfeiçoada por muitas gerações. Cada geração aproveitando os conhecimentos das anteriores pode realizar constantemente uma educação que desenvolva de um modo proporcional  e conforme um fim todas as disposições naturais do ser humano e conduza assim a espécie ao seu destino.
Aplicar os ensinamentos de Kant para a educação na contemporaneidade implica superar a cultura do “Não”: ‘Não pode’; ‘Não é permitido’; ‘Não é legal’; ‘Não foi autorizado’; ‘Não consta das normas’; etc.
O autor em referência apela para a origem divina do homem e reafirma que  é inadequado insistir que o ser humano deva se comportar ou agir desta ou daquela maneira porque alguém assim determinou, mesmo que esse alguém seja o seu criador. É preciso que a criatura tenha claro que sua ação é de um ou de outro modo, não porque foi mandado, mas porque sua condição tem em vista o bem, e agir contrário a isso implica “cavar a própria sepultura”.
Em resumo, educar não significa preparar as crianças conforme o presente, mas ajudá-los a perceber  que um futuro melhor é possível e necessário e que é para isto que o ser humano habita a face da terra.
Educar consiste em ajudar a perceber que a existência da vida humana num futuro próximo depende do conceito de humanidade que se cultiva no presente.
O ser humano permite ser adestrado, domesticado, instruído mecanicamente, ou educado. É certo que os cavalos também são adestrados, domesticados e instruídos mecanicamente, aos homens não basta isso, é preciso ensinar a pensar.
Pensar é óbvio, desperta paixões, mas é preferível ser incomodado por um apaixonado a ser obedecido por um acomodado. Neste sentido parece importante usar menos a partícula negativa, proibitiva, e facilitar a todos que aprendam com seus próprios erros.
Que tal deixar uma pouco de lado as diretrizes, as normas, as regras, que já foram determinadas e utiizadas desde sempre e faciltiar  que nossos alunos criem suas próprias disposições de conduta em vista daquilo que todos queremos: "Um mundo onde seja menos difícil de amar" (Paulo Freire).
Vamos tentar!

Obs: As considerações acima são o resultado da nossa convicção sobre o poder da educação com a tradução livre das frases abaixo selecionadas na obra:
PEDAGOGÍA de IMMANUEL KANT.

Estas son las lecciones sobre pedagogía
que Kant impartió en la Universidad de
Königsberg, y que recogidas por su
discipulo F. T. Rink fueron publicadas
con aprobación del mismo Kant en 1803.

Así, pues; la disciplina es meramente negativa, esto es, la acción por la que se borra al hombre la animalidad; la instrucción, por el contrario, es la parte positiva de la educación.
La educación es un arte, cuya práctica ha de ser perfeccionada por muchas generaciones. Cada generación, provista de los conocimientos de las anteriores, puede realizar constantemente una
educación que desenvuelva de un modo proporcional y conforme a un fin, todas las disposiciones naturales del hombre, y conducir así toda la especie humana a su destino. La Providencia ha querido que el hombre deba sacar el bien de sí mismo y le habló, por decirlo así: «¡Entra en el mundo!; yo te he provisto de todas las disposiciones para el bien. A ti toca desenvolverlas, y, por tanto, depende de ti mismo tu propia dicha y desgracia.»
Un principio de arte de la educación, que en particular debían tener presente los hombres que hacen sus planes es que no se debe educar los niños conforme al presente, sino conforme a un
estado mejor, posible en lo futuro, de la especie humana; es decir, conforme a la idea de humanidad y de su completo destino. Este principio es de la mayor importancia.
A1 hombre se le puede adiestrar, amaestrar, instruir mecánicamente o realmente ilustrarle. Se adiestra a los caballos, a los perros, y también se puede adiestrar a los hombres. Sin embargo, no basta con el adiestramiento; lo que, importa, sobre todo, es que el niño aprenda a pensar.
Se cultiva poco aún La moralización en la educación privada; se educa al niño en lo que se cree sustancial, y se abandona aquélla al predicador. Pues qué, ¡no es de una inmensa importancia enseñar a los niños a aborrecer el vicio, no sólo fundándolo en que lo ha prohibido Dios, sino en que es aborrecible por sí mismo!

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