Elcio Alberton[1]
Anatomia do Padre é o subtítulo da obra do Psiquiatra Italiano Vittorino Andreoli, publicado pela Editora Paulus e intitulado: “Padres viagem entre os homens do sagrado”. Sirvo-me desta adjetivação para escrever e, antes de tudo, para elevar uma prece de gratidão a Deus que me chamou e me enviou e há 21 anos me consagrou com a missão para a Diocese de Caçador. Para “servir na alegria e na caridade” no dia 03 de novembro de 1990, o então bispo de Caçador, Dom Luiz Colussi, conferiu-me a ordenação presbiteral. Hoje reitero a disposição e refaço o convite: “Vem entra na roda com a gente também”.
O vocábulo Vocação, cuja origem latina – Vocare – significa chamado o que obviamente supõe uma resposta, é ao mesmo tempo uma proposta que implica em dedicação para uma função social para a qual também é necessário capacidade e disposição. Com toda a limitação e as imperfeições próprias da fragilidade humana, recordo-me das saudosas palavras proferidas pelo Bispo na homilia da ordenação: “O que faz com que um homem aos 28 decida ser padre, certamente não é a perfeição, mas a generosidade”. Neste sentido reitero a Deus minha gratidão e a todos os que comigo conviveram neste tempo a quem recomendo as preces e orações.
Para falar da Anatomia do Padre, retomo as primeiras palavras da obra que serve de referência. O autor começa assim:
“O sacerdote é um personagem da nossa sociedade... Um personagem que mudou porque o ambiente em que se situa mudou. Assim, embora perseguindo um objetivo idêntico, ligado à função institucional que exerce, o ambiente no qual vive o modificou, mudando até o modo externo com o qual se apresenta ao povo”.
Quanto a minha pessoa, posso dizer que sou um padre da escola. Muito antes de receber a ordenação já me dedicava a “arte de educar”, nos idos de 1983 já trabalhei como professor voluntário para a disciplina de ensino religioso nas escolas públicas do Paraná. Desde 1987 sou professor em Santa Catarina, tendo exercido meu ministério no Seminário Diocesano de Caçador, e professor ACT no serviço público catarinense.
Certamente, na escola, não sou o padre da Igreja, nem muito menos da religião, talvez nem tampouco de alguma matéria em específico. Imagino que a missão de professor seja muito mais a de ensinar “a viver no mundo a luz do sobrenatural”. Fazer esta afirmação significa dizer: na escola sou o padre da Espiritualidade a qual se entende por:
Espiritualidade é paixão. A vida espiritual é uma vida apaixonada. Isso pode não se encaixar bem em uma longa tradição em filosofia e pensamento religioso que vem desde os primeiros estoicos e naquelas variedade de budismo que subestimam as paixões. Eles oferecem libertação do alvoroço emocional, “tranquilidade” e “paz de espírito” Mas deveríamos comparar essa tradição com uma outra igualmente antiga, embora nem sempre igualmente respeitável, que reconhece as paixões como a própria essência da espiritualidade e também da filosofia (SOLOMON, 2003, P. 175).
É neste sentido que faço minhas, as palavras de Helcion Ribeiro: “Em diversas regiões catarinenses, inspiradas pelo Espírito, começam a surgir comportamentos de uma nova Igreja, que não é paralela, nem independente, muito menos rebelde. É uma Igreja, nova, popular que supera toda tendência triunfalista”.
Servir na alegria e na caridade, ao povo de Deus que a constitui e que está em todos os lugares, “é missão dessa gente de boa vontade, que tem Jesus como modelos de servidor e libertador dos pobres com os pobres”.
Para concluir repito o que já disse, faz 21 anos: “ Sim, eu quero, com a Graça de Deus!”
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