COMENTÁRIOS AO TEXTO
ESTRUTURA CONCEPTUAL
DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
DE CARLOS MARCELO GARCIA.
DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
DE CARLOS MARCELO GARCIA.
Elcio Alberton[1]
Nossa reflexão a partir da leitura do texto em questão nos leva a fazer algumas observações de caráter bastante pessoal. Concordamos de modo significativo com o conceito de formação adotado pelo autor e o identificamos com nossa proposta de dissertação que trata da Mistagogia na Formação do docente.
A questão da formação do docente é parte de um complexo conjunto de fenômenos formativos e ainda não suficientemente esclarecidos. Muito além de transmissão de conteúdos e técnicas o processo formativo exige envolvimento por inteiro do formando. Trata-se de uma dimensão pessoal que tem a ver com vontade humana e implica em mudança pessoal e comportamental.
Concordamos com o autor na afirmação que a perspectiva formativa é um dos pilares da renovação da educação e que, neste sentido, deve consistir numa matriz disciplinar. Parece oportuno entender a expressão matriz muito mais abrangente do que uma simples relação de conteúdos. Reproduzimos na íntegra o conceito apresentado pelo autor sobre a formação de professores:
“A formação de professores é a área de conhecimentos, investigação e de propostas teóricas e práticas que, no âmbito da Didática e da Organização Escolar, estuda os processos através dos quais os professores – em formação ou em exercício – se implicam individualmente ou em equipe, em experiências de aprendizagem através das quais adquirem ou melhoram os seus conhecimentos, competências e disposições. Este processo lhes permite intervir profissionalmente no desenvolvimento do seu ensino, do currículo e da escola, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação que os alunos recebem.”
Este conceito é a afirmação da primeira expressão do nosso trabalho ao dizer que o professor ensina muito pela sua experiência de vida, isto é, na condição de mistagogo. Nosso trabalho, como o texto em questão, contempla a formação como um enriquecimento de competências não exclusivamente acadêmicas. Em outras palavras a formação é um processo que necessariamente acaba nos alunos. (Se não houve aprendizagem não aconteceu o ensino).
O autor ajuda a entender a formação desde um ponto de vista personalista, no sentido de desenvolver estratégias e competências para um processo de mudança. E aí se delineia a imagem do professor que se aproxima do modelo eficaz sendo um ser humano com todas as vicissitudes próprias da sua condição, mas que se forma em vista do outro. Em outras palavras se poderia dizer que a formação de professores estabelece uma “pedagogia de resultado”.
Então está suficientemente claro que o desenvolvimento pessoal é o eixo da formação docente e um bom professor será aquele que caminha na direção de ser sempre mais um facilitador para criar condições de aprendizagem nos seus alunos a quem ele conhece na integridade. Esta figura não está longe do modelo de filósofo criado por Sócrates com a maiêutica e a ironia.
Neste sentido é mais fácil compreender o professor muito além de ser um técnico, mas construtor, como diria outro autor um “polidor de corações”, pois é das mãos do professor que nasce o ser humano, disse Rosseau. Então, para aquele que deseja ser bom professor pede-se pouco: “fazer o que fazem os bons mestres”, isto é, ser um mistagogo da educação.
A formação entendida como processo de mudança implica na aplicação das novas ideias que se configura num processo de desenvolvimento pessoal e profissional envolvente. Neste contexto todo o processo formativo passa pelo viés da colaboração e para isso o autor cria a expressão: “andragogia” – arte e ciência de ajudar adultos a aprender.
No mundo cristão católico adota-se a prática da lectio divina como uma forma de melhor viver o mistério da Palavra de Deus. Este método é basicamente o que o autor apresenta nas três últimas possibilidades que ele apresenta como as mais eficazes para compreender a formação.
Na Lectio Divina se usa as expressões: LECTIO (leitura), MEDITATIO (meditação), ORATIO (oração), CONTEMPLATIO (contemplação), COMMUNICATIO (comunicação). Aqui o autor apresenta sob os termos: contemplação, prática reflexiva, aprendizagem experimental.
Uma formação que não estabeleça um processo de transformação aborta o sonho dos educadores na maturidade e porque não dizer de outros profissionais. O que o autor chama de quarta etapa no exercício da missão de educar é denominado por um psicólogo da religião com o termo: Generatividade. Esta expressão quer indicar que a esta altura da missão o profissional precisa ver os “filhos dos seus filhos”, isto é o fruto do seu trabalho. Na falta deles, porque ele mesmo não produziu para em si reside a causa da frustração e do desencanto como consequência do desestímulo para os jovens o seguirem nesta missão.
Não será sem razão que nossos velhos cunharam a frase: "É preferível um triste santo a um santo triste”.
Evolução é a meta!
Ouça, Israel: Hoje você está atravessando o rio Jordão para conquistar nações maiores e mais poderosas que você, cidades grandes e fortificadas até o céu. Os enacim são um povo forte e de grande estatura. Você os conhece, porque ouviu dizer: ‘Quem poderia resistir aos filhos de Enac?’ Por isso hoje você ficará sabendo que Javé seu Deus vai atravessar na sua frente como fogo devorador (DEUTERONÔMIO 9,1-3).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por sua participação.