sexta-feira, 11 de novembro de 2011

É PRECISO SABER VIVER...


 
Elcio Alberton[1]

Quem espera que a vida
Seja feita de ilusão
Pode até ficar maluco
Ou morrer na solidão
É preciso ter cuidado
Pra mais tarde não sofrer
É preciso saber viver

Toda pedra do caminho
Você deve retirar
Numa flor que tem espinhos
Você pode se arranhar
Se o bem e o mal existem
Você pode escolher
É preciso saber viver

É preciso saber viver
É preciso saber viver
É preciso saber viver
Saber viver, saber viver!

A origem grega do vocábulo: Σοφία, "Sofía" que mais tarde derivou para φιλοσοφία -"amor à sabedoria" (filos/Sofia), foi muito bem interpretada por Roberto Carlos na letra da canção: É PRECISO SABER  VIVER. De fato, mais do que em outros tempos, a metamorfose civilizatória na qual todos estão imersos pede a capacidade de agir com prudência, com sabedoria, com competência.
As oportunidades, os desafios, as exigências são sempre mais intensas, pertinentes e desafiadoras. Dentre elas não se pode fugir dos desafios atuais que permeiam a educação e os que nela estão envolvidos. Adequar os métodos, as ‘pedagogias’ e aplica-las ao cotidiano da vida escolar é uma questão de sabedoria ou se quiser de “amor à sabedoria” o que traduzido se pode dizer é uma questão de “filosofia”.
Responder a estas exigências já não é mais uma questão de autoridade, de responsabilidade ou de tarefas é uma questão de coletividade. Isto significa convencer-se que nada e em nenhum lugar tem sua resposta na dedicada atuação do “beija flor” que faz a sua parte com a intenção de debelar o incêndio que se alastra pela floresta.
Sem medo de errar, parece evidente que se trata de uma questão de “espiritualidade” de “mística”, de “paixão”. Na comunidade escolar todos estão convidados a sair da segurança das suas respostas para abraçar os desafios das inúmeras e novas perguntas.
Transformar a educação pode ser comparado à parábola do Evangelho: “Um homem foi viajar e deixou seus empregados para cuidar do seu patrimônio. Para um deixou cinco talentos, para outro, dois e para outro um”(Cf. Mt 25,14-30). De todos ele pediu satisfação referente ao período da sua ausência. Somente um deles não deu conta do recado, e não porque a incumbência fosse mais difícil, ou a tarefa mais exigente, ou a escola menos adequada, nem tampouco a qualificação do trabalhador.
Aquele que recebeu apenas um talento que de quem, obviamente, o patrão  não esperava a proporção do que recebeu cinco, se autoqualificou de medroso e incapaz para a tarefa. Enterrou a moeda que recebeu. Pode-se dizer, faltou-lhe ousadia, coragem, determinação. Prefiro dizer, faltou-lhe espiritualidade, mística, paixão!
O resultado não poderia ser outro: “Até o pouco que tem, deixará de ser seu”.
Nossas escolas estão sendo convidadas a multiplicar talentos. Faltam-lhes adequadas condições físicas, didáticas, pedagógicas, e por aí, se poderia continuar elencando uma série de deficiências. Certamente não faltam professores determinados, capazes, corajosos que, de longe, irão enterrar os talentos. Pelo contrário são mistagogos, e vivenciam tal condição fazendo produzir.
Para um é escola integral, para outro ensino médio inovador, para um terceiro alfabetização de jovens e adultos, para outro ainda ensino médio normal. Não importa o talento, nenhum é melhor ou mais importante. Um ou outro pode ser mais adequado ao momento, o que conta é encontrar o jeito de fazer produzir. E a isso chamo de Espiritualidade, de Mística, para o que muito ajuda a familiaridade com o Evangelho.


[1] Padre Católico e professor na Rede Estadual de Santa Catarina

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